II CONGRESSO INTERNACIONAL DE INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA

04/06/2013 10:06

Nos passados dias 23 e 24 de Maio, o Instituto de Psicologia e Ciências da Educação levou a cabo o II Congresso Internacional de Intervenção Psicológica.

II CONGRESSO INTERNACIONAL DE INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA

À semelhança do passado ano, este evento pautou-se por intervenções de excelência científica, promovendo o debate e a reflexão ao nível das práticas de Intervenção Psicológica.

Ficou evidente a imperatividade da construção de uma linguagem comum entre Psicólogos e de um diálogo mais concertado e profícuo entre estes e outros profissionais. A reflexão em torno das práticas baseadas na evidência levaram-nos a concluir sobre a necessidade da afirmação do psicólogo como “engenheiro do comportamento”, capaz de assumir a sua expertise nos principais fóruns e debates da sociedade. A menor visibilidade do psicólogo no nosso país foi destacada no caso particular do Modelo Português das Dependências, pouco conhecido entre nós, uma referência para muitos a nível internacional. É justamente esta nossa capacidade de “pôr em ação” que nos permite hoje ter em funcionamento programas orientados para a prevenção de grande impacto, como o “Eu e os Outros”, o “Trilhos” e o “Riscos & Desafios”. Não obstante as tendências de redução dos consumos que se vinham a verificar nos últimos anos, parecem agora começar a inverter-se, eventualmente justificadas pelas recaídas em ambiente de franca crise económica.
É justamente em época de plena crise que a imperatividade de fazermos face às desigualdades e à exclusão faz mais sentido. A perspetiva assistencialista tradicional torna-se insuficiente. Reinventam-se novos modelos e estratégias de Intervenção Comunitária mais eficazes, como é o caso do Projeto “Casas Primeiro”. Neste contexto, também as Cidades assumem crescentes responsabilidades, assumindo também como seu o papel de promover a saúde e o bem-estar dos seus munícipes.

Este encontro científico ficou ainda marcado por uma profunda reflexão em torno da morte. Assumiu-se que o sentido da vida muda de homem para homem. Assumiu-se que o sentido da vida não se altera com a morte. Cada ser humano é uma viagem a percorrer. Não há duas viagens iguais. Cada um aprende a viver no morrer. O sofrimento é das pessoas, não dos corpos.

O respeito pela diversidade na morte deve ser transportado para as famílias quando enfrentam a morte. Foram reconhecidas vantagens em promover um diálogo claro sobre a morte, nomeadamente com as crianças e com os adolescentes, evitando a construção de fantasias, que habitualmente se tornam mais penosas. A identificação de redes de apoio, os recursos que as crianças e os adolescentes possuem, grande parte das vezes negligenciados pelos adultos, associados a um acompanhamento seguro e baseado numa comunicação genuína e adaptada à faixa etária, contribuem para um luto não patológico.

O valor da intervenção precoce, do seu exercício em equipas transdisciplinares e da supervisão foram destacadas neste Congresso. Foram ainda denunciados os problemas associados às transições das crianças ao longo do seu itinerário escolar, impossibilitando práticas de intervenção concertadas e eficazes.
O contexto escolar, a família e a sociedade atual, mergulhadas numa profunda crise económica e de valores, foram a base para abordar a violência entre jovens no âmbito da conferência de encerramento. Os estudos do “Programa Aventura Social” revelam indicadores preciosos sobre os perfis que merecem uma particular atenção. A título de exemplo, identificam-se os jovens, do sexo masculino, do 8º ano de escolaridade, como sendo os que apresentam mais casos de bullyling, tanto na qualidade de vítimas, como enquanto agressores. Estes, são também os que evidenciam relações familiares menos consistentes e maior afastamento da escola. Finalmente, estes jovens experimentam e consomem, com maior frequência, tabaco, álcool e drogas.

Com cerca de uma centena de participantes, o evento foi avaliado como uma experiência de grande valor, contribuindo para a formação dos estudantes de psicologia e para os profissionais que se encontram em pleno exercício profissional. Os motivos evocados nos questionários de satisfação recolhidos no final do Congresso orientam-se, essencialmente, para a qualidade dos oradores, a pertinência das temáticas e a aplicabilidade ao contexto real de trabalho.

 

 

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