Capacitar a Escola em tempos de crise em debate na Lusíada Porto
28/03/2014 11:03
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Capacitar a escola em tempos de crise foi o tema escolhido para o III Congresso de Intervenção Psicológica realizado pelo Instituto de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade Lusíada do Porto, que acolheu cerca de 100 profissionais e estudantes das áreas da Psicologia e da Docência, nos passados dias 20 e 21 de Março.
A noção de crise foi abordada ao longo dos dois dias, sendo realçada a existência de períodos de crise, enquanto momentos normativos ao longo do ciclo de vida, dos quais a adolescência foi particularmente destacada. Foi ainda reforçada a ideia de que mesmo a crise, como algo inesperado, não deve ser encarada como uma situação negativa, mas antes como um desafio e uma forma de promoção da mudança e do desenvolvimento humano.
O Congresso iniciou-se com uma visão da crise por técnicos de saúde mental, focalizando a mesma em termos de défice, de perturbação. Nas diferentes mesas/conferências foi possível descentrar desta noção e constatar que a Psicologia nas escolas se encontra ou deve encontrar-se predominantemente direcionada para a prevenção, atuando os psicólogos numa lógica de promoção do desenvolvimento, em contexto.
Esta abordagem acarreta implicações claras, que foram discutidas no congresso:
1 - Importância dos ecossistemas em que os alunos se inserem, particularmente as influências macroestruturais, como o poder político central e local e a gestão dos agrupamentos de escolas, que condicionam indiretamente o desenvolvimento dos alunos.
2 - A extrema importância da escola enquanto contexto proximal e espaço privilegiado de promoção da igualdade de oportunidades, bem como dos docentes, que constituem modelos de comportamento e fontes de aprendizagem.
3 - A influência da família enquanto contexto primordial no desenvolvimento dos alunos, ao longo de todo o ciclo de vida.
4 - A necessidade de uma intervenção direta e atempada com os alunos, nas mais diversas dimensões do desenvolvimento: cognitiva, social, emocional e na promoção das designadas “soft skills”, que são competências chave para o futuro mercado de trabalho.
Deste congresso sobressai igualmente a conclusão de que a melhor forma de intervir em contexto escolar é a aposta numa ação sistémica e ecológica, realizada no terreno e articulada entre todos os intervenientes do processo educativo.
De um modo geral, a modalidade de intervenção do psicólogo em contexto escolar deve ser, por excelência, a consultadoria, capacitando os agentes educativos para a adoção de um papel ativo e direto com os alunos.
O psicólogo, nesta perspetiva, assume-se num novo paradigma de intervenção, direcionado para a resolução de problemas, a gestão de recursos humanos e a articulação constante entre pais, docentes e técnicos educativos e sociais. Deve utilizar a “crise” para promover mudanças e novas formas de pensar, sentir e agir.