JOVENS ESTÃO MAL INFORMADOS

17/11/2003 7:11

Os jovens portugueses, e os europeus em geral, consideram-se mal informados sobre a União Europeia e não tiveram receio de o admitir na "Euroscola".

Durante um dia, a sala do Parlamento Europeu serviu para os mais novos debaterem e trocarem opiniões sobre a União Europeia. Apesar disso, os alunos da Escola Técnica e Profissional da Zona do Pinhal, em Pedrógão Grande - os representantes de Portugal na sessão deste ano daquela iniciativa que por um dia dá aos jovens a oportunidade de serem deputados no Parlamento Europeu - mostraram que têm ideias bem definidas e que estão a par do que se passa na UE. Dos 29 alunos portugueses - com idades entre os 16 e os 20 anos - que participaram na sessão da "Euroscola", que decorreu no final da semana, em Estrasburgo, a grande maioria estava a par das questões que actualmente se debatem a nível europeu: a elaboração de uma Constituição, a eventual criação de um Exército europeu ou a imigração. É verdade que os professores os prepararam para o desafio, mas muitos deles mostram-se interessados em saber mais que aquilo que lhes é dito na escola e foram unânimes em afirmar que iniciativas como esta incentivam-nos a procurar mais informação. A informação, ou a falta dela, foi um ponto constante de toda a sessão. Os jovens queixaram-se de a informação sobre a UE não lhes ser muito acessível. "Em Portugal as televisões praticamente não falam sobre a União Europeia", diz Tiago Ruivo, de 20 anos, que aproveitou para sugerir às escolas para arranjarem meio de facilitar o acesso a essa informação, através da promoção de debates ou de sessões de esclarecimento. Quanto ao futuro da Europa, os jovens oriundos de escolas de 12 Estados membros da UE, de um país aderente - a Eslovénia - e de um país candidato - a Roménia - surpreenderam. Numa sondagem efectuada durante o debate na 'Euroscola' - na qual os alunos puderam experimentar o sistema electrónico de voto utilizado pelos eurodeputados - a grande maioria dos participantes mostrou-se favorável à criação de um Exército europeu. Uma posição justificada na troca de opiniões que se seguiu e na qual foi notória a preocupação dos jovens europeus com o protagonismo dos Estados Unidos na política internacional e o atraso da União Europeia em assumir uma atitude mais interveniente. Na sondagem, os deputados por um dia mostraram-se conscientes do impacto que a UE tem na sua vida quotidiana, manifestaram-se favoráveis à existência de uma Constituição europeia mas rejeitaram a ideia de programas idênticos nas escolas de todos os Estados-membros, bem como a de o Parlamento Europeu passar a falar uma só língua. Uma posição talvez influenciada pela dificuldade que eles próprios sentiram por terem de se exprimir numa língua que não a deles. Na 'Euroscola' só é permitido o uso do francês ou do inglês. Os jovens portugueses manifestaram-se, também, preocupados com a questão da imigração e durante o período no qual lhes era permitido colocar perguntas aos administradores do Parlamento Europeu, Cristóvão Figueiredo, de 18 anos, quis saber quais são as políticas de imigração que estão a ser preparadas a nível da UE. A pouco mais de meio ano das eleições para o Parlamento Europeu, os 29 alunos portugueses defenderam a necessidade de se promover a educação política nas escolas, para que aos 18 anos, quando votam pela primeira vez, os jovens tenham consciência da responsabilidade que esse acto implica. No final, os alunos da Escola Técnica e Profissional da Zona do Pinhal foram unânimes em afirmar que a experiência tinha sido bastante gratificante e lamentaram a falta de mais iniciativas do género, porque, e como disseram: "Nós, os jovens somos o futuro da Europa". in CM | 17.11.2003