Professor João Redondo em programa da Euronews sobre universidades portuguesas
03/09/2025 12:09

A Euronews, na secção Europa, e inserido na série "A minha Europa", apresentou, no dia 30 de agosto de 2025, o programa "Bruxelas, meu amor? O que estão as Universidades a fazer, este verão, para atrair talentos?", para o qual convidou três representantes de universidades portuguesas, entre eles, o Professor Dr. João José de Pires Duarte Redondo, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Minerva – Cultura – Ensino e Investigação Científica e Chanceler da Universidade Lusíada. Este 'especial-universidades' debateu questões de relevância para o futuro das instituições de ensino superior: atração e retenção de talentos (estudantes e professores), cursos preferidos e impacto da inteligência artificial.
O programa, coordenado pelo jornalista Luís Ferreira Lopes, reuniu "três lideres de universidades portuguesas, Pedro Oliveira, Dean da NOVA SBE, Hélia Gonçalves Pereira, reitora da Universidade Europeia, e João Redondo, presidente da Fundação Minerva / Universidade Lusíada", que debateram e revelaram as estratégias sobre a competição no meio académico, falaram sobre os cursos mais procurados e a preferência das empresas pelos cursos de engenharia, tecnologia e matemática, e analisaram, ainda, o recurso à Inteligência Artificial (IA) "– ferramenta cada vez mais usada para estudar ou fazer trabalhos".
Relativamente à capacidade das universidades europeias de atrair/captar e reter talentos internacionais (estudantes e professores), sobretudo dos Estados Unidos da América (EUA) descontentes com as políticas de Donald Trump, e à crescente concorrência da Ásia, o Professor João Duarte Redondo destacou que o modelo universitário europeu está muito distante do modelo norte-americano. Nos últimos anos, houve uma "tentativa de criação das chamadas universidades europeias, [...] consórcios de universidades privadas, de vários países, que se predispõem a ministrar cursos em parceria, em associação […]. A EUPHE [European union of private higher education] foi criada, num esforço conjunto de Portugal, França e Alemanha, com o objetivo de aproximar instituições privadas de vários países, e foi alargada a outros países europeus", permitindo criar programas de mobilidade e parcerias entre as universidades aderentes e, atualmente, mesmo com instituições estatais. Confrontado com a liderança, a nível europeu e mesmo mundial, das universidades britânicas, exposta pelo jornalista, o representante da Universidade Lusíada considerou que esta liderança é fruto de um "trabalhar para os rankings", ou seja, "associando as instituições a organismos que fazem a medição constante daquilo que a instituição vai desenvolvendo e que as coloca num determinado patamar comparativo com outras instituições". A origem dos rankings está precisamente nas universidades anglo-saxónicas, tendo começado por se desenvolver como um padrão de orientação para o nível relativo em que cada instituição estava comparativamente com outras". Na visão do Professor João Duarte Redondo, "os rankings são a forma mais visível de uma instituição aparecer por esse mundo fora", mas é de opinião que "o primeiro trabalho que uma universidade deve fazer é junto daqueles que lhe estão mais próximo", considerando, por exemplo, ser discutível, numa instituição de ensino superior portuguesa, um ensino exclusivamente na língua inglesa, situação que só fará sentido se o objetivo for uma internacionalização. Lembrou, ainda, que, no caso da Universidade Lusíada, esta "foi criada e pensada para servir a lusofonia".
Perante uma ditadura de mercado que parece estar a condenar à extinção as formações nas áreas humanísticas, face à preferência dada às STEM (science, technology, engineering and mathematics), qual o posicionamento das universidades portuguesas? O representante da Universidade Lusíada frisou que a universidade não é um "mero centro de formação tecnológica", destacando "que a capacidade de relacionamento de matérias que se consegue desenvolver ao longo de um processo formativo é um dos aspetos fundamentais para a compreensão da vida, dos fenómenos sociais, daquilo que é essencial para construir uma vida com qualidade". As instituições de ensino superior "não produzem conhecimento só para as empresas", sendo espaços de "criatividade, de produção e divulgação de conhecimento, de promoção da ética, da responsabilidade, de disciplina". Referiu, ainda, a importância da universidade ter "capacidade de antecipação: tentar perceber o que daqui a algum tempo faz falta na sociedade e no mercado de trabalho para reorganizar a sua oferta formativa".
Como lidar com o recurso à IA, cada vez mais vulgarizado em contexto académico, foi outra temática abordada, tendo o Professor João Duarte Redondo afirmado que é importante, "acima de tudo, ser íntegro: a questão da integridade académica é um aspeto fundamental da vida de qualquer instituição de ensino superior", e a IA e o ChatGPT podem ser oportunidades para desenvolver a capacidade crítica dos estudantes.
O Professor João Duarte Redondo esteve, vários anos (2006-2015), à frente da Associação Portuguesa de Ensino Superior Privado (APESP), e foi eleito Presidente da Aliança das Instituições de Ensino Superior não estatais na Europa (European Union of Private Higher Education – EUPHE), (mandato de 2022-2024), organização que representa cerca de 700 instituições de ensino superior europeias não estatais e, aproximadamente, 1,4 milhões de estudantes. Em 2023, recebeu o Prémio Carreira da BMI/THE (BMI / Times Higher Education) pela sua dedicação à internacionalização do Ensino Superior, atribuído por ocasião da 75.ª Conferência Anual da NAFSA (Association of International Educators), realizada entre os dias 30 de maio e 3 de junho, na cidade de Washington, nos Estados Unidos.
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